11 setembro 2014

If you can't love yourself, how the hell you gonna love somebody else. Can I get an amen? Ou como eu queria poder dizer pra mim mesma do passado que vai ficar tudo bem

Como a maioria de vocês sabem (ou não) eu tenho pequenos surtos e crises (que um dia um professor da faculdade disse que vem de uma palavra grega que remete a criar, o que me deixou bem feliz na época, mas que nunca achei embasamento cientifico pra reproduzir) e elas SEMPRE me ajudam.
Normalmente, eu tenho crises nessa época do ano relacionadas ao meu emprego ou a minha faculdade, mas essa ultima provavelmente é a crise mais bonita que eu já passei na vida, que tem única e exclusivamente a ver comigo e com meu amor próprio.

Deixa eu explicar do começo.

Nos últimos dias, semanas e meses eu tenho lido diversos textos de blogs de meninas "plus size" e tenho ficado fascinada de como elas tem uma confiança e um amor que eu nunca tive. Gostaria de indicar o meu favorito ultimamente que é o Lugar de Mulher. Os textos das meninas tem me inspirado muito e me feito pensar sobre eu mesma em diversos aspectos (e não, eu não leio só pra me sentir melhor comigo mesma, leio porque elas tem sido minha inspiração de como me amar mais, de como ser uma pessoa melhor).

Eu nunca fui plus size, mas sempre fui a gorda escrota da escola. Quando eu era pequena, tinha um menino que estudava comigo que me apelidou de Boi Tata, porque eu era uber gordinha e bem... Meu nome é Tamires.
(mal sabia ele que Boi Tata na real é uma cobra iradíssima que pega fogo e zaz)

Sempre fui complexada com meu peso, sempre fui a gorda escrota do colégio. Os garotos não gostavam de mim, eu mal tinha amigas e isso fez com que, desde cedo eu só andasse com garotos (isso e o fato de que a Manchete me deixava assistir Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Shurato e-), a real é que eu era muito feliz com meus amigos meninos, mas sinto que demorei pra entender a minha feminilidade e de onde ela tinha que vir. Quando criança, fiz uma super dietinha com um endocrinologista infantil, porque eu realmente estava beirando a obesidade, e isso não era legal.

Durante muitos e muitos anos, agora já dentro da pré-adolescência eu escondia meu corpo em roupas largas, porque eu era gorda, e ninguém podia me ver sendo gorda. e quando eu colocava uma roupa diferente, eu me sentia um peixe fora d'água, era horrível. Além do fato de que eu usei aparelho nos dentes durante boa parte da minha infância e adolescência, então já viu né? Além dos óculos. Eu era tipo a amiga que você só tinha pra perguntar das outras meninas.

Com 16 anos fui de novo no endocrinologista, dessa vez no que meus pais também iam, e ele me passou um remédio pra emagrecer (remédio esse que era controlado e depois virou faixa preta. NUNCA. REPITO, NUNCA façam isso na vida de vocês). Pulei dos 65kg (que era o que eu achava que era obesidade) pra 50kg (que foi quando eu tava num momento quase doente). Mas eu amava meu corpo de 50kg. Eu era fina, eu era magra e as pessoas finalmente gostavam de mim, eu tinha amigos, eu tinha garotos me cantando, eu tinha um namorado, era tudo perfeito. Exceto que, quando eu olhava pro espelho, eu ainda via aquela menina super gorda e infeliz.

A partir dos 20 anos, comecei a ganhar peso de novo, parei de tomar o remédio controlado com uns 18 e depois que entrei na faculdade, larguei mão de vez. Em dado semestre da faculdade eu engordei muito de uma hora pra outra, por puro stress e ansiedade, cheguei no 63kg e fiquei lá por um boommmm tempo. 

Ano passado eu decidi que precisava começar a me cuidar mais, minhas calças já não me serviam e eu precisava perder peso, porque eu não ia comprar calças 42. A realidade é que, por diversos fatores (que não cabem aqui agora), eu só comecei a me cuidar de verdade esse ano. Comecei academia e comecei a me alimentar melhor, tudo pra poder perder peso de forma saudável e não ter mais que me odiar quando olhava no espelho.

O ponto todo é que, independente de 50kg ou 65kg, eu sempre tinha que travar uma batalha diária comigo mesma - e ainda tenho - eu demorei pra aceitar que nunca vou ter perna finas, a aceitar que meu quadril sempre vai ser enorme, a aceitar que meus pés sempre vão ser pequenos em comparação com a minha panturrilha e que minha canela nunca vai afinar.
Ainda hoje eu me olho no espelho e preciso olhar meus pontos positivos pra não me criticar. Não existe critica pior pra você do que você mesma, então você precisa se aceitar, mudar seu exemplo de "garota ideal" e precisa, acima de tudo, se amar.

A minha grande crise dos últimos tempos tem sido com meu guarda-roupas. Eu estou "limpando" ele totalmente, tirando tudo que não me cabe, que não me deixar feliz ou que me distancia da pessoa que eu quero ser. Tirei roupas, sapatos, acessórios e já estou quase 100% com essa mudança. Me sinto ótima (até porque a roupinhas vão pra um lugar melhor ou pra pessoas que precisem, e fazer boas ações enchem o coração da gente de amor!).

Eu NUNCA entendi quando diziam que "seu corpo é um templo" até recentemente.
Mais do que a comida que você ingere ou como você vai fazer essa maquina que é seu corpo funcionar, existem tantas outras coisas que vocês precisa considerar dentro do seu "templo".
Eu eliminei da minha vida o refrigerante, mas também eliminei gente que me colocava pra baixo, gente que nitidamente queria meu mal. Além de fazer exercícios, eu comecei a me policiar com o que eu diria para as pessoas, sempre no lema "se não tem nada bom a dizer, não diga nada". A minha maior dieta não é de alimentação e meu maior exercício não é o físico, mas filtrar coisas e pessoas que me fazem mal e exercitar o pensamento positivo só tem me trazido frutos bons. Eu não amaldiçoou segundas-feiras, eu não xingo quando chove, eu tento achar um ponto positivo em tudo e, pra mim, essa é a maior prova do quanto eu amadureci no auge dos meus 24 anos.

Eu queria poder deixar esse texto como exemplo pra todo mundo, pra todo mundo mesmo.
Se amem.
NADA que vocês fizerem vai valer a pena se vocês não conseguirem aceitar e amar vocês mesmas (os) acima de tudo.
Mantenham o pensamento positivo.
Isso não quer dizer que você tem que ser um santo, nem que não pode ficar com raiva, mas procure um raio de sol mesmo quando o céu estiver nublado, vale a pena.

Se eu pudesse falar comigo mesma quando eu tinha meus 10 anos, eu com certeza diria "vai dar tudo certo" ou "vai ficar tudo bem". Porque fica e porque vai. Nada é tão ruim que dura pra sempre e eu acho que essa é a maior lição que a gente pode tirar de absolutamente tudo que fazemos.

Hoje eu tenho certeza que a criança que eu era ia sentir muito orgulho de mim, e isso não tem preço nenhum. Espero que eu mesma com 35 anos leia esse post e lembre-se do que a gente tá passando agora, porque é magnifico, é ótimo e deveria ser assim todos os dias.

Por fim, fecho com a frase do RuPaul (RuPaul's Drag Race).
If you can't love yourself, how the hell you gonna love somebody else? (se você não se ama, como caralhos você vai amar outra pessoa? - tradução livre).

So, can I get an Amen?
Postado por Amy às 16:08

3 comentários:

Claudia Ideguchi disse...

Tá certíssima. A mudança vem de dentro para fora, a maneira como você percebe a si mesma é como se reflete para os outros. Ter pensamentos positivos, notar as vitórias, afastar as pessoas que te colocam para baixo são todos pontos ótimos para que a cada momento você consiga ter uma visão mais otimista e perto da verdadeira realidade que é você.

Enfim, GO GO GO, não pare de perseguir nunca sua paz de espírito e sua felicidade.

Ana Carolina B. Melo disse...

*pessoa sumida desde os tempos da Ete ressurge do além* Ain Amy, amei seu texto, sério! Te entendo em vários pontos, eu era um palito, odiava ser um palito, ai ganhei curvas, depois comecei a achar que eram curvas demais e ainda to meio doida com isso ahahahaha É muito difícil construir/manter a auto estima nesse mundo cheio de padrões estéticos e mimimis, e quando conseguimos chegar em um ponto de equilíbrio no qual buscamos nosso bem estar físico e emocional, independente do que outros falam é uma vitória =) Fico muito feliz por você, sério mesmo. Obrigada por compartilhar esse momento bom da sua vida, é um ótimo incentivo :) Saudades de vc!

Anônimo disse...

Amém um milhão de vezes.
Acho que uma das coisas mais difíceis da vida é parar de se cobrar por "futilidades" e passar a enxergar o quão única você é como pessoa. Demora para se aceitar e até fico feliz que você tenha descoberto isso relativamente cedo, porque muita gente demora MUITO para chegar à mesma conclusão que você (ou nunca chega). E o pior é que muitas vezes esse é o tipo de descoberta que você tem que fazer sozinha, não adianta muito alguém chegar para você e dizer que está tudo bem quando você está num momento em que você não quer aceitar que está tudo bem. E, convenhamos, a sociedade também não ajuda. Não gosto de colocar a culpa do universo na sociedade, mas muito do que ela faz é péssimo para a auto-estima, e não estou nem falando só em termos estéticos.
Enfim, parabéns pela iniciativa, pela coragem e pelas conquistas alcançadas até agora! \o

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