23 setembro 2013

A catarse mais bonita que já tive

Nunca acreditei nesse negocio de dom.
Essa coisa de "fulano NASCEU pra fazer isso" nunca me soou verdadeiro. Podem falar de pianistas surdos, de gênios da física que não sabiam ler e escrever, de gente que "nasce com talento", pra mim é tudo balela pra nossas mães e professores sempre exigirem mais da gente e dizer "nossa mas você tem tanto potencial" e quando você acerta coisas tipo 2+2 já vem dizendo que você tem um dom.

Eu acredito em sangue, suor e lagrimas.
Acredito em uma instituição chamada esforço. Aquele que te leva pra cama e te faz chorar baixinho, te faz encarar a água fria ou quente de uma ducha, te faz respirar fundo pra não surtar tudo por que você vai achar que não é bom suficiente.

Quando Bukowski fala "ache o que você ama e deixe isso te matar" (tradução livre, heim) eu vejo ele sentado num bar, de bermuda e camisa, com uma cerveja meio quente na mão e apontando pra mim. Enquanto ele fala enrolado, o que eu entendo é:
"Você vai achar alguma coisa que você gosta muito de fazer e vai chegar a conclusão de que deve fazer essa coisa pro resto da sua vida. Você vai chorar, você vai querer desistir, vai querer mudar de profissão ou de gosto, mas vai continuar por que? Porque você acha que nasceu pra isso. Você vai esgotar todas as suas fontes, você vai se esforçar até não ter mais saúde, nem tempo, nem amor próprio, tudo isso por achar que você ama mais aquela coisa do que você mesmo. E quer saber? Você ama. E quando te perguntarem se vale a pena, você vai sentir uma vontade imensa de chorar, de mandar a pessoa pro inferno e vai dizer, sorrindo, 'eu faria tudo de novo'".

E pode ser que eu esteja errada, pode ser que o Bukowski só quisesse ser simples e nem gostasse de usar bermuda e camisa, e pode ser que exista esse pó mágico divino chamado dom, mas refletir sobre tudo isso e pensar no quanto eu tenho que me esforçar e em quanto minhas palavras servem bem pra mim mesma é a catarse mais bonita que eu já tive.
Postado por Amy às 17:11

4 comentários:

Gabriela S. do Nascimento disse...

Adorei o texto e concordo com tudo o que você disse. Acho que o tal "dom" é só aquela afinidade que a gente tem com certa coisa, atividade, trabalho, e, porque gostamos, fazemos mais e queremos fazer melhor. Mas tudo é esforço, não existe sucesso sem sangue!

Unknown disse...

Se essas palavras a fazem sentir-se bem é maravilhoso. No entanto, o esforço necessita de um alvo. O alvo é "o que eu amo fazer e me divertir fazendo?"... por exemplo, sou autor e ganho dinheiro com meus ebooks ai pela internet hehe, diria um dinheiro muito bom, mas pra chegar até nesse nível tive que aprender marketing, por exemplo.... e tem sido divertido até aqui. Acho que se vc se amar, vai curtir bastante fazer aquilo que ama, sem se importar com dinheiro ou status. Beijos, Chefinho

D= disse...

Seguindo o que está escrito no túmulo do Bukowski, don't try.

Unknown disse...

Acho que temos dons sim...

Nasceu para tocar piano:
http://www.youtube.com/watch?v=NfVzlcFSHs4
Nasceu para desenhar o mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=95L-zmIBGd4
Nasceu para lembrar de tudo:
http://www.youtube.com/watch?v=dhcQG_KItZM
Nasceu para falar em todas as linguas:
http://www.youtube.com/watch?v=wdoTDwOajm0

Mas, tirando esses casos extremos onde o cérebro só sabe fazer isso.. nosso dom só aflora com nosso esforço...

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